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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Advérbio vs adjetivo: Uma batalha desigual.

Oi, pessoal!

É comum que haja dúvidas na hora de classificar morfologicamente algumas palavras dentro de uma construção, mesmo que essas pertençam a classes gramaticais totalmente diferentes. Isso se dá, principalmente quando se trata de palavras homônimas/homófonas/homográficas, ou seja, são pronunciadas e escritas da mesma forma, mas possuem mais de um significado. 




Mas ideia da matéria de hoje surgiu enquanto eu ouvia e cantarolava a música "Grande Hotel", do Kid Abelha. Na letra, a palavra “só” aparece exercendo duas funções: de advérbio e de adjetivo.


Confira a letra assistindo ao vídeo:




Note o trecho:

Qual o segredo da felicidade?
Será preciso ficar pra se viver? 
Qual o sentido da realidade?
Será preciso ficar pra se viver?
pra se viver. 

Ficar só 
pra se viver... 
Ficar só 
pra se viver. 



Para classificar certas palavras como advérbios ou adjetivos numa construção, precisamos entender os conceitos dessas duas classes:

Advérbio: É invariável. Modifica um verbo, um adjetivo, outro advérbio ou uma frase inteira.

Adjetivo: O adjetivo varia de gênero, número e grau, especificando o substantivo e caracterizando-o.



Na primeira utilização, a palavra “só” exerce a função de adjetivo. Está caracterizando, qualificando o sujeito, que nesse o caso, é indefinido.

Será preciso ficar só (sozinho) pra se viver?

Na segunda utilização, a mesma palavra exerce função de advérbio, que é invariável, indicando circunstância.

Só (apenas, somente) pra se viver... 


Identificamos outras palavras que também exercem diferentes funções, mas que possuem também detalhes diferentes em suas grafias ou em suas pronúncias, como por exemplo:

Longes/longe

Em terras longes, encontrou-se muito ouro. (advérbio de lugar)

Eles foram longe em suas pesquisas acadêmicas. (adjetivo)


Meio/meia

Fiquei meio traumatizada com os resultados das pesquisas. (advérbio de intensidade)

Preferi comer apenas meia fatia do bolo. (adjetivo)

Observação: A palavra “meia” pode exercer também a função de substantivo. Ex: Encontrei apenas uma meia na gaveta.

Bastante/bastantes

Para obter conhecimento é necessário ler bastantes livros. (adjetivo)

Em sua sala de aula estudam alunos bastante inteligentes! (advérbio)




É isso, pessoal!

Palavras idênticas ou parecidas, com classes gramaticais e significados diferentes. Estão, portanto, num conflito desigual, basta um pouco de atenção para classificá-las morfologicamente!

Sem crises...

Por Mônica Lima Falsarella

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Série Pontuação lll - Use e abuse, mas não confunda as emoções!

Oi, pessoal!

Como vimos nesta na série, a PONTUAÇÃO serve para, na escrita, dar um “colorido” nas frases e orações, possibilitando ao leitor melhor assimilação das emoções contidas no texto e intenções do autor (ou, dependendo da narrativa, do “eu lírico”).

Talvez você já tenha visto o Ponto de Interrogação e o de Exclamação juntos em alguma construção. Na ocasião, pode ter se questionado: “Como eu poderia interpretar isso, ou entonar a fala numa leitura em voz alta?”

Para responder essa questão, vamos às definições dessas pontuações:

Ponto de Interrogação:

Emprega-se nas frases interrogativas DIRETAS:

— O que estudaremos hoje? Língua Portuguesa?

Obs: Em interrogativas INDIRETAS, o acento não pode ser usado:
            —Gostaria que me respondesse o que estudaremos hoje.

Ponto de Exclamação:

            É usado em uma interjeição ou frase exclamativa para expressar chamamento, emoções, ordem ou pedido:

            —Lucas! Ande logo! O seu ônibus já vai passar!


Mas o que dizer sobre a junção das duas pontuações? Vamos imaginar uma situação:

Você encontra um mendigo na rua e pergunta:

            —Você está com fome? (provavelmente a resposta será positiva)

Em outra situação, você e seus amigos acabam de sair de uma churrascaria, quando de repente um deles diz que vai precisa chegar logo em casa para comer algo. Daí você pergunta:

            —Você está com fome?!

Leitores, embora eu tenha absoluta certeza de que compreenderam o porquê de se usar os dois sinais de pontuação juntos, vamos à conclusão:

A pergunta, nesse caso, vem carregada de emoção.

É isso, pessoal.  Detalhes de pontuação, nesses casos, são emocionantes! É por essas e outras que a nossa Língua Portuguesa é tão apaixonante! Não acham?


Sem crises...

Por Mônica Lima Falsarella

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Série Pontuação - II

Oi, pessoal!

A segunda matéria da série Pontuação abrange, em pormenores, o uso de ponto e vírgula (;), dois pontos (:), reticências (...), ponto final (.), aspas (“”), parênteses ( ), e travessão (—).



PONTO-E-VÍRGULA ;

Emprega-se o ponto e vírgula, que indica uma pausa mais longa que a vírgula:

Para separar, em um período de certa extensão, as partes que tenham orações já separadas por vírgulas:

Já tive muitas capas e infinitos guarda-chuvas, mas acabei me cansando de tê-los e perdê-los; há anos vivo sem nenhum desses abrigos, e também, como toda gente, sem chapéu.                     
                                                Braga, Rubem. Ai de ti, Copacabana.
                                                           Rio de Janeiro: Record, 1996

Para separar os itens em uma enumeração:

A prova constará de: a) um estudo de texto; b) cinco questões gramaticais; c) uma redação sobre o tema abordado no texto.


DOIS-PONTOS :

Empregam-se dois-pontos:

Para introduzir uma fala:

A aeromoça aproximou-se:
 - Os passageiros devem permanecer sentados até o pouso da aeronave.

Para introduzir uma citação:

Pois eu escutei no noticiário: a lei proíbe o uso de cigarros em locais públicos.

Para introduzir uma enumeração:

Procurei o motivo do apelido curioso, nada vi semelhante ao objeto da comparação: um homem atento, grave, de rosto inexpressivo.

                                   RAMOS, Graciliano. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1993.

Para introduzir uma explicação, resumo ou conseqüência do que se disse antes:

Tanto tempo se passou e não passávamos disto: eternos aprendizes.



RETICÊNCIAS ...


Empregam-se as reticências:

1) Para indicar suspensão de pensamento:

Essa incapacidade de atingir, de entender, é que com que eu, por instinto de...

            LISPECTOR, Clarice. Os melhores contos. São Paulo: Global, 1984.

2) Para indicar dúvida, surpresa ou hesitação:

            - E as obras de Tomes? A igreja...já haverá igreja nova?

                                   EÇA DE QUEIRÓS. A cidade e as serras.
                                               Rio de Janeiro: Ediouro, 1998.

Para indicar ironia:

Júnior irá mesmo até Paris? Até parece...



PONTO FINAL .


O ponto final indica a pausa máxima. É empregado no final de um período simples (oração absoluta) ou de um período composto:

Corria o mês de março de 1603. Era portanto um ano antes do dia em que se abriu esta história.

                                   ALENCAR, José de. Obras completas.
                                               Rio de Janeiro: Aguilar, 1985.

ASPAS “ ”

            Empregam-se as aspas:

Para indicar o início e o fim de uma citação:

Dizem as escrituras sagradas:  “Para tudo há seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer”.

                                   ALVES, Rubem. Sobre a morte e o morrer.
                                                           Folha de São Paulo, 12 out. 2003.

Para destacar uma palavra (ou expressão):

O verbo “ficar” vem adquirindo novos significados.


Para dar outra conotação a determinada palavra (ou expressão):

Os “anjinhos” já estão prontos? O ônibus escolar já chegou.


Para marcar o diálogo, em substituição ao travessão:

“Aquela moça da rua Larga?”, perguntou Marialva.
“Aquela.”
                                                           FONSECA, Rubem. Pequenas criaturas.
                                                           São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

PARÊNTESES ( )

            Empregam-se os parênteses:

Para intercalar uma ideia ou uma oração acessória num texto:

Macabéa começou (explosão) tremelicar toda por causa do lado penoso que há na excessiva felicidade.
                                               LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela.    
                                                           Rio de Janeiro, Rocco, 1998.

Nas referências bibliográficas:

Mas quando olhar a mancha viva na minha camisa, talvez faça uma careta e me deixe passar. (Chico Buarque de Hollanda)

Nas indicações ciências (rubricas) das peças de teatro. Nas rubricas, marcam-se os movimentos, gestos e expressões que o ator deve fazer:

TOMÁS — É meu, tenho dito.
SAMPAIO — Pois não é, não senhor... (Agarram-se ambos no leitão e puxam cada um para seu lado.)
                                   Martins Pena. O tempo de Martins Pena.
                                               Rio de Janeiro: Ediouro, 1998.

TRAVESSÃO:  —

Emprega-se travessão:

Para indicar a fala (começo ou fim) e a mudança de interlocutor, nos diálogos:

            —Você não precisa de pílulas?
            —Que pílulas?
            —Essas para acalmar.
­­­            —Eu sou calma ­— disse Luciana com um meio sorriso.
                                    FAGUNDES TELLES, Ligia. Ciranda de Pedra
                                               Rio d Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

Para enfatizar expressões ou frases:

            Foi o poeta — sonhou — e amou na vida.
                                   Álvares de Azevedo. Poesias completas.
                                               Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.


            Impossível escrever um poema — uma linha que seja— de verdadeira poesia.
                        Drummond de Andrade, Carlos. Poesia completa e prosa.
                                   Rio de Janeiro: Aguilar, 1973.




É isso, pessoal!

Nossa próxima e última matéria da série Pontuação abordará apenas a aplicação do PONTO DE INTERROGAÇÃO e PONTO DE EXCLAMAÇÃO, que, para muitos, ainda causa muita confusão.

Sem crises...


Fonte: Gramática em texto. Leila Lauar Saramento – Ed. Moderna.