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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Vilela, que amava Rita, que amava Camilo, que amava Rita... Análise do conto "A Cartomante" - Machado de Assis

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                                              Literatura Brasileira - REALISMO

                                    Análise do conto "A Cartomante" - Machado de Assis

                                                       Por Mônica Lima Falsarella




Síntese


A história se passa no Rio de Janeiro, em meados de 1869, e se inicia com uma conversa entre Rita, casada com Vilela, e Camilo, seu amante. Rita disse a Camilo que visitou uma cartomante, por causa do medo que sentia de perdê-lo. Camilo, cético religioso riu de Rita, e assegurou-lhe de que a amava, e que caso houvesse dúvida, seria melhor consultá-lo.
A amizade de Camilo e Vilela era antiga, mas a morte da mãe de Camilo foi o fator mais importante para que houvesse uma aproximação entre Rita e Camilo, pois Rita "cuidou de seu coração", ao passo que Vilela, seu amigo, cuidou dos procedimentos para o enterro. Durante um bom tempo de convívio, Camilo foi seduzido por Rita, e os dois se encontravam às escondidas. Certo dia, Camilo recebeu uma carta anônima que dizia que a "ventura" do casal já era sabida por todos.
Depois da carta, os encontros foram menos frequentes, o que causou mais insegurança ainda à apaixonada Rita, que procurou novamente os serviços da cartomante que, novamente, restabeleceu-lhe a confiança.
Tempo depois, após meses que Camilo não ia à casa de Vilela, ele recebeu um bilhete, no qual Vilela o chamava com urgência para ir à casa dele. Com medo, Camilo passa a suspeitar que Vilela havia descoberto seu relacionamento com Rita. Ele se dirige à casa de Vilela, porém no caminho, decide visitar a cartomante.
A cartomante tranquiliza-o, dizendo que ele poderia ir tranquilo, pois não iria acontecer nada a ele nem a ela. Camilo paga bem a cartomante, e sai maravilhado e muito mais calmo em direção à casa de Vilela.
Quando chegou a casa, mesmo antes de bater na porta, Vilela apareceu. Camilo perguntou-lhe o que queria, mas Vilela não respondeu nada. Com o rosto sem expressão, Vilela fez sinal para que Camilo e ele subissem à sala superior. Camilo gritou ao ver Rita ensanguentada e morta, então Vilela pegou-lhe pela gola e deu-lhe dois tiros e estirou-lhe no chão.

Biografia

Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 1839-1908) nasceu no Morro do Livramento, sendo seu pai carioca, de cor escura, pintor de paredes, porém, homem de alguma instrução, e sua mãe, portuguesa da Ilha de São Miguel. Perdendo essa aos dez anos, o pai casa-se com Maria Inês, que se encarregou de sua criação, ainda depois da morte do pai, em 1851. Foi sempre autodidata. Começou como aprendiz-tipógrafo na Imprensa Nacional, depois revisor na livraria de Paula Brito e no Correio Mercantil, e a seguir redator no Diário do Rio de Janeiro. Aos trinta anos casa-se com Carolina Augusto Novais, moça portuguesa educada e de família de intelectuais. Esta faleceu em 1904 e não lhe deu filhos. Ingressando no funcionalismo público, Machado de Assis ocupou sucessivamente todos os postos, desde amanuense até diretor geral de contabilidade, em 1902, no ministério da Aviação. Apesar da serenidade que o autor aparentava, o prazer de viver tinha mesmo se esvaído com a ausência de Carolina. Em 19 de setembro, às 3h 20 da madrugada, morre Machado de Assis, vítima de uma úlcera cancerosa.

Contexto histórico do Realismo

O Realismo é uma escola e/ou movimento literário cujo início ocorreu na França. Opunha-se ao idealismo romântico, propondo uma representação, agora mais objetiva e fiel da vida humana. O romance passa a ser meio de crítica à sociedade e suas instituições, denunciando a classe burguesa e sua hipocrisia e corrupção. Era atribuído às obras um valor de documento de identidade. Personagens são criados com base na observação direta da realidade. Na Europa, seu início se deu em 1857, com a publicação do romance Madame Bovary, de Gustav Flaubert.
A burguesia começa a firmar-se. As ideias liberais provocam agitações políticas em muitos países.
Os métodos de experimentação e observação da realidade, a partir dos quais as ciências naturais se desenvolvem, passam a ser considerados os únicos capazes de explicar o mundo físico.
No Brasil, o Realismo ocorreu entre os anos de 1880 e 1900. Ainda no início desse período, o Brasil monarquista anda era um país agrário e escravocrata, ao contrário do que ocorria na Europa, onde a industrialização começava a tomar conta dos países.

Os principais fatos históricos no Brasil nesse período foram:
  • Abolição a Escravidão (1888);
  • Proclamação da República (1889);
  • Revolução Federalista – Rio Grande do Sul (1893-1895)
  • A Revolta da Armada – Rio de Janeiro (1893-1893)
  • Rebelião dos Canudos – Bahia (1896-1897)
Elementos da narrativa

Foco da narrativa: 3ª pessoa. O narrador é onisciente, o autor conhece os fatos e conta a história como observador. 


Discurso: O discurso na obra é o direto, pois o autor reproduz integralmente o diálogo.



Linguagem: A linguagem é linear, pois o tempo, o espaço e os personagens são apresentados de maneira lógica.


Importância da obra na escola literária: Realismo


Tendo em vista que romance passa a ser meio de crítica à sociedade e suas instituições, denunciando a classe burguesa e sua hipocrisia e corrupção, o conto traz o duro olhar de Machado de Assis sobre a sociedade burguesa da época.

Personagens:

Relação quanto à importância e características dos personagens na obra:

A cartomante: As características físicas da cartomante constam do fragmento: “Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos (...) com longos dedos finos, de unhas descuradas (...).” Seu papel na narrativa é de personagem primário, pois está presente e representativa na história. É classificada também como antagonista, pois se opõe ao protagonista, sendo uma espécie de anti-herói. No que se refere ao tipo de personagem, pode ser classificada como “personagem tipo” por representar uma profissional, o de cartomante e ao mesmo tempo é “plana”, pois não demonstra grandes surpresas no decorrer de sua aparição na obra.
Camilo: As características físicas de Camilo constam do fragmento: “(...) Camilo vinte e seis. (...) era ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos”. Seu papel na narrativa é de personagem primário, pois está presente e representativo na história. No que se refere ao tipo de personagem, pode ser classificado como “personagem tipo” por representar um profissional, o de funcionário público, como lemos no fragmento: “Camilo entrou no funcionalismo contra a vontade do pai (...)”, e ao mesmo tempo é “plano”, pois não demonstra grandes surpresas no decorrer de sua aparição na obra.
Rita: As características físicas de Rita constam do fragmento: “(...) era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos. Seu papel na narrativa é de personagem primário, pois está presente e representativa na história. No que se refere ao tipo de personagem, Rita é “plana”, pois não demonstra grandes surpresas no decorrer da obra.
Vilela: As características físicas constam do fragmento: “(...) o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher (...). Seu papel na narrativa é de personagem secundário, pois quase não aparece atuante em diálogos no decorrer da história, porém, é o antagonista, uma espécie de anti-herói, que causa o desfecho trágico da história. 


Espaço

Há, na obra, espaços abertos e fechados, pelos quais a história se desenvolve. As ruas do Rio de Janeiro são os espaços abertos, sendo citadas por muitas vezes, fazendo com que o leitor acompanhe detalhadamente caminhos percorridos pelas personagens, como lemos no fragmento: “Esta desceu pela rua das Mangueiras , na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela Guarda Velha, olhando de passagem pela casa da Cartomante.”
Porém, o espaço mais importante na obra é fechado, pois os principais acontecimentos da narrativa se passam dentro da moradia da Cartomante conforme lemos no seguinte fragmento:
 “(...) subiram então ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.”


Tempo
O tempo na obra é cronológico, pois contém marcadores explícitos de temporalidade, como lemos no fragmento: “(...) numa sexta-feira de novembro de 1869(...)” ou “(...) era perto de uma hora da tarde (...)”, e, além disso, os acontecimentos da narrativa são organizados de uma forma que o leitor é capaz de organizar cronologicamente o tempo em que eles ocorreram.


Contextualização com a atualidade e conclusão

O conto “A cartomante” faz-nos refletir a respeito do destino. A vida humana, ou os fatos que vivemos, não podem ser predeterminados. Os humanos não têm necessidade de se iludir com cartomantes ou adivinhos.
Inicialmente, Camilo era cético em relação a religiões crendices. Temos isso no seguinte fragmento: “No dia em que deixou cai toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como se tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada.”
            O fato é que Camilo era cético religioso, mas, talvez por desespero, passou acreditar no que a cartomante disse, e isso colaborou para que sua vida fosse abreviada.
            Podemos contextualizar “A cartomante” com os dias atuais no que se refere às ilusões que são vividas por muitos, de buscar esse tipo de ajuda, iludindo-se com oportunistas, cujos objetivos não passam de obter lucros de pessoas, geralmente desesperadas.



Bibliografia:


Assis, Machado de, 1839-1908
            A cartomante e outros contos / Machado de Assis ; orientação pedagógica e notas de leitura Douglas Tufano – 3. Ed – São Paulo: Moderna, 2004 – (Coleção Travessias)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Marília de Dirceu de Tomás A. Gonzaga- Resenha Crítica



Literatura Brasileira - ARCADISMO


Marília de Dirceu - Tomás Antônio Gonzaga




RESENHA CRÍTICA - Por Mônica Lima Falsarella
                             

            Esta resenha refere-se à obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, 2ª edição 2010, Editora Martim Claret Ltda.

            O autor da obra “Marília de Dirceu”, Tomás Antônio Gonzaga, nasceu em Porto (Portugal) em 1744 e veio com sua família para a Bahia ainda pequeno. Formado na universidade de Coimbra, exerceu em Vila Rica - MG, o cargo de ouvidor. Preso como inconfidente, foi deportado para Moçambique, onde reconstituiu a vida. Lá faleceu em 1810. A obra foi escrita durante o período em que o autor estava encarcerado, e segue as normas da escola literária da época: o Arcadismo. A estrutura dos versos varia um pouco. São  estruturados em quatro sílabas, de redondilha menor e de dez sílabas ou decassílabos, de redondilha maior. A intenção era de passar ao leitor a simplicidade, também característica marcante do Arcadismo.
            O foco da narrativa é a 1ª pessoa. O autor é onipresente. Apesar de utilizar vocativos para chamar Marília, não se trata de um diálogo, portanto, é um monólogo, e o discurso é direto, pois o emissor é o narrador. Suas liras expressam a paixão que o poeta sentia pela jovem Maria Dorotéia, moça de 16 anos, com quem chegou a ficar noivo, apesar de ser bem mais velho.
            Antônio Cândido faz a seguinte citação nesse critério: "talvez a circunstância de namorar uma adolescente rica (ele, pobre e quarentão) tenha exarcebado essa tendência, que seria além disso,  exibicionismo compreensível de homem apaixonado."
            A obra é dividida em duas partes. Na primeira, as liras têm um caráter mais otimista e esperançoso. Dirceu (pseudônimo árcade do poeta) descreve Marília e a vida futura que ambos terão quando casados. A segunda parte foi composta na prisão, e nelas predominam os sentimentos de melancolia, como saudade e tristeza.
            As referências bucólicas, singelas e a criação do locus amoenus constoem um ambiente que caracterizou o Neoclassicismo. Nos versos do poema lemos referências ao gado que pasta, aos pastores nos montes, às ovelhinhas, à vida tranquila e natural.
“Marília de Dirceu” é leitura obrigatória, como todos os clássicos da literatura, principalmente por servirem de meio de informação de cultura, estilos de épocas e escolas literárias, etc. O lirismo existente em “Marília de Dirceu” é envolvente e gracioso, tanto no aspecto estético como no sentimentalismo de romance amoroso, desenvolvidos da mais bela forma por Gonzaga.
É uma declaração de amor explícita, feita em características árcades, mas que ultrapassaram seu tempo no que se refere ao aspecto estético da obra e ao sentimentalismo do Eu-lírico.
Certamente, todas as mulheres querem ser amadas como Marília, e todos os homens desejam ter uma Marília em suas vidas.



Mônica Lima Falsarella, acadêmica do segundo semestre de Letras da universidade UNIESP – Santo André.

Biografia: Abaurre, Maria Luiza M.
Literatura Brasileira: Tempos, leitores e leituras, volume único – São Paulo : Editora Moderna, 2005

http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?p=resumos/docs/marilia

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Dilma Rousseff: Presidenta ou presidente? - Flexão de gênero - MORFOLOGIA


Oi, pessoal!


Durante o processo das eleições, e, principalmente após a definição de quem governará nosso país pelos os próximos quatro anos, surgiram dúvidas de como chamar Dilma Rousseff: Presidenta ou Presidente da República?

Na minha humilde opinião, soa com muito mais “brilho” o uso de “a presidente da república”, mas vamos consultar nosso “pai”, o dicionário Antônio Houaiss, para termos uma definição do significado e escrita:

pre.si.den.te: s.2g 1 quem dirige os trabalhos em um congresso, assembleia, tribunal etc. 2 título oficial do chefe do governo no regime presidencialista 3 título oficial do chefe da nação nas repúblicas parlamentaristas GRAM/USO o fem. presidenta tb. é us.




A dúvida já está respondida. O termo “presidenta” pode ser utilizado, porém temos na palavra “presidente” um substantivo comum de dois gêneros (s.2g). Para entendermos, vamos definir como se classificam os gêneros dos substantivos.

Este estudo, dentro da morfologia, é chamado de Flexão de Gênero.

Em português, geralmente a flexão de gênero é feita pela troca de –o por –a o com o acréscimo da vogal –a, no final da palavra:

cozinheiro – cozinheira
doutor – doutora

Cuidado: não se pode confundir o gênero da palavra com o sexo do ser, objeto ou coisa:

o grama (peso)                        o telefonema               a comichão


Substantivos uniformes:

Apresentam uma única forma para os dois gêneros e são classificados em comuns de dois gêneros, epicenos e sobrecomuns.


Substantivos comuns de dois gêneros:

Admitem a mesma forma para o masculino e para o feminino. Para diferenciar seu gênero, colocamos antes ou depois deles um artigo, pronome adjetivo ou adjetivo. Exemplos:

o/a presidente             um/uma paciente                   outro/outra mártir
o/a imigrante              este/esta colega                      novo/nova agente
o/a artista                   aquele/aquela cliente             modelo lindo/linda


Epicenos:

Designam animais e algumas plantas, e são invariáveis. Diferencia-se o sexo pelo emprego da palavra macho ou fêmea:

a baleia-azul macho                a baleia-azul fêmea
o mamoeiro macho                 o mamoeiro fêmea

Sobrecomuns:

Referem-se a seres humanos. Usam-se as expressões do sexo feminino ou do sexo masculino:

a criança (do sexo feminino ou masculino)
o indivíduo (do sexo feminino ou masculino)
a testemunha (do sexo feminino ou masculino)
o cônjuge (do sexo feminino ou masculino)

Substantivos biformes:

Apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino:

ator – atriz                  monge – monja                      elefante – elefanta
cidadão – cidadã        ladrão – ladra                        cavalheiro – dama
cavaleiro – amazona  zangão – abelha                     genro – nora


Há substantivos que mudam de sentido quando se troca o gênero. São chamados de substantivos de gênero aparente:

o capital (dinheiro)                 a capital (cidade principal)
o guia (acompanhante)           a guia (documento)
o grama (peso)                       a grama (relva)

É isso, turma! O termo “a presidenta” está gramaticalmente correto, porém, o termo “a presidente” continua sendo mais utilizado dentro das normas cultas de linguagem.



Sem crises com a escrita, pronúncia e, esperamos sinceramente, com o governo da presidente eleita...



Fonte de pesquisa: Gramática em textos - Leila Lauar Saramento - Editora Moderna