Oi, pessoal!!
Há alguns dias, ouvi a seguinte colocação: “A gramática é dramática, e nossa Língua deixou de ser materna e passou a ser madrasta...”
Considerei essa colocação infeliz. Primeiro pela comparação feita entre mãe e madrasta, já que a posição de madrasta, muitas vezes circunstancial, serve de exemplo, em alguns casos, para mulheres que dizem ser “mães”, mas que não passam de apenas genitoras. Em segundo lugar, pela qualificação imprópria que foi dada à gramática que, complexa ou não, é essencial para nortear nossa comunicação no dia a dia.
Atendendo ao pedido do amigo e leitor do blog, André Moraes, hoje falaremos sobre a colocação adequada dos pronomes oblíquos átonos nas frases. Com este conteúdo aprenderemos regras importantes que enriquecerão nossos discursos e nossas redações.
Caso queiram conhecer o blog do André, - Sociedade em Rede - aproveitem para apreciar as muito boas dissertações feitas por ele, sobre temas relacionados a redes sociais.
Vamos às definições:
Pronome: é a palavra que serve para:
- representar um substantivo: ex.: Maria é inteligente. → Ela é inteligente. (ela = Maria)
- acompanhar um substantivo determinando-lhe a extensão do significado: ex.: Eu tenho um carro novo. Meu carro é novo. (meu acompanha o substantivo carro).
Há seis espécies de pronomes:
1- Pessoais: do caso reto: eu, tu, ele(s), ela(s), nós, vós;
do caso oblíquo: me, mim, comigo, te, ti, contigo, o(s), a(s), lhe(s), se, si, consigo;
de tratamento: Senhor, senhora, Vossa Alteza, Vossa Excelência, Vossa Majestade etc.
2- Possessivos: meu(s), minha(s), teu(s), tua(s), seu(s), nosso(s), vosso(s);
3- Demonstrativos: este(s), esta(s), esse(s), aquele(s), isto, isso, aquilo
4- Indefinidos: algum, alguns, alguma(s), nenhum, muito(s), pouco(s), outro(s), tanto, quanto, mais, menos, demais, algo, quem
5- Interrogativos: que, qual (se usados em perguntas diretas ou indiretas)
6- Relativos: cujo(s), cuja(s), onde, quando, as quais, como
Conforme aparecem discriminados no quadro abaixo, os pronomes do caso oblíquo podem ser átonos ou tônicos, e será sobre a colocação dos pronomes oblíquos átonos nas orações, que falaremos a seguir.
Pessoas do discurso | Pronomes pessoais do caso reto | Pronomes pessoais do caso oblíquo Átonos | Pronomes pessoais do caso oblíquo Tônicos |
SINGULAR 1ª pessoa 2ª pessoa 3ª pessoa | Eu Tu Ele, ela | Me Te o, a, lhe se | Mim, comigo Ti, contigo Si, consigo |
PLURAL 1ª pessoa 2ª pessoa 3ª pessoa | Nós Vós Eles, elas | Nos Vos Os, as, lhes, se | Conosco Convosco Si, consigo |
Então, como explicar as diferentes colocações dos pronomes nas orações, tal como no exemplo abaixo?
“Devo confessar-lhe que me sinto vexado, porque minha verdade é que também não sei como se colocam os pronomes, pela razão muito natural que não sou eu quem os coloca, eles é que se colocam por si mesmos, e, onde caem, aí ficam.” Silva Ramos
Os pronomes oblíquos átonos podem ocupar três posições nas orações:
A- PRÓCLISE (pronome antes do verbo)
Usa-se a próclise quando houver na oração palavras que atraem o pronome para antes do verbo, tais como:
1- Palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum.
- Nada me importa agora.
- Ninguém se prontificou a prestar ajuda.
- De modo algum me sujeitarei a isso.
- Ela nem se importou com esse aluno.
2- Conjunções: quando, se, porque, que, conforme, embora, logo, que.
- Quando se trata de escrever, ele é um especialista
- É necessário que a deixe na escola.
3- Advérbios
- Aqui se tem amor.
- Sempre me dediquei aos estudos.
- Talvez o veja na escola.
OBS.: Se houver vírgula depois do advérbio, este (o advérbio) deixa de atrair o pronome.
- Aqui, trabalha-se.
4- Pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos.
- Alguém me ligou? (indefinido)
- A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo)
- Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo)
Usa-se também a próclise nas circunstâncias citadas abaixo:
5- Em frases interrogativas.
- Quanto me cobrará pela revisão?
6- Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo).
Deus o abençoe!
- Macacos me mordam!
- Deus te abençoe, meu filho!
7- Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM.
- Em se plantando tudo dá.
- Em se tratando de beleza, ele é campeão.
8- Com formas verbais proparoxítonas
- Nós o censurávamos.
B- MESÓCLISE (pronome no meio do verbo)
É obrigatória quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer – amarei, amarás,) ou no futuro do pretérito (ia acontecer, mas não aconteceu – amaria, amarias), desde que não haja uma palavra atrativa, exigindo próclise
1- Convidar-me-ão para a festa. (futuro do presente)
2- Convidar-me-iam para a festa. (futuro do pretérito)
Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória.
- Não me convidarão para a festa.
C- ÊNCLISE (pronome depois do verbo)
Usa-se a ênclise:
1- Com o verbo no infinitivo impessoal.
- É preciso equilibrar-se bem
2- Quando o verbo inicia a oração:
- Entregaram-me o uniforme.
3 - Com verbo no imperativo afirmativo:
- Alunos, comportem-se!
4 - Verbo no gerúndio:
- E argumentando-me, começou a chorar.
OBS.: se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrativa, ocorrerá a próclise:
- Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.
- Saiu do escritório, não nos revelando os motivos.
CUIDADOS COM O LHE (nas locuções verbais)
Locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio ou particípio do verbo principal da oração..
AUXILIAR + PARTICÍPIO: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se houver palavra atrativa, o pronome deverá ficar antes do verbo auxiliar.
- Havia-lhe contado a verdade.
- Não (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade.
AUXILIAR + GERÚNDIO OU INFINITIVO: se não houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar ou do verbo principal.
Infinitivo
- Quero-lhe dizer o que aconteceu.
- Quero dizer-lhe o que aconteceu.
Gerúndio
- Ia-lhe dizendo o que aconteceu.
- Ia dizendo-lhe o que aconteceu.
Se houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.
Infinitivo
- Não lhe quero dizer o que aconteceu.
- Não lhe quero dizer o que aconteceu.
- Não quero dizer-lhe o que aconteceu.
Gerúndio
- Não lhe ia dizendo a verdade.
- Não lhe ia dizendo a verdade.
- Não ia dizendo-lhe a verdade.
Matéria revisada pela professora Universitária Zoraide Cocito – UNIESP – Santo André
Conteúdo: Gramática: Texto, Análise, Construção de Sentido –
Editora Moderna http://infoescola.com (editada)
Imagem: http://revistalingua.uol.com.br (editada)
É isso aí, turma!!
A gramática é como a vida: misteriosa, complexa, cheia de regras, e, justamente por isso é bela. Estudemos e vivamos com essa intensidade!
Sem crises proclíticas, mesoclíticas ou enclíticas!!
Môny
É isso aí, turma!!
A gramática é como a vida: misteriosa, complexa, cheia de regras, e, justamente por isso é bela. Estudemos e vivamos com essa intensidade!
Sem crises proclíticas, mesoclíticas ou enclíticas!!
Môny