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domingo, 7 de março de 2010

"Água mole em pedra dura, tanto bate até que desiste" - Figura de Linguagem: PARÓDIA

Oi pessoal!!

Atendendo a um pedido de Cristian Korny cujo "username" no twitter é @qryz, que sugeriu uma matéria sobre figuras de linguagem, hoje falaremos sobre uma delas: a Paródia. Prometo criar mais matérias relacionadas ao tema pois a variedade de figuras de linguagem e estilo é grande, sendo umas muito usadas, outras nem tanto, mas que para estudos, sempre vale a pena relembrar.


Quando falamos de paródia, precisamos entender que ela está dentro do estudo da INTERTEXTUALIDADE.


Definição:

Paródia é um tipo de relação interextual em que um dos textos cita o outro com o objetivo de fazer-lhe uma crítica, inverter ou distorcer suas ideias.


Embora em sua definição seja citada a relação entre textos, a intertextualidade com paródia pode ocorrer entre "textos expressos por diferentes linguagens" (Silva, 2002). Pode, portanto, ocorrer em diversas áreas como a pintura, a literatura, a propaganda, etc.

Precisamos lembrar aqui que, nem toda intertextualidade é uma paródia, mas toda paródia é uma intertextualidade. No final da matéria teremos um exemplo de uma intertextualidade na qual não há paródia, mas inicialmente daremos alguns exemplos de paródias, primeiramente na pintura:

O quadro "La Gioconda" em português "Mona Lisa", de Leonardo da Vinci e ao lado uma ideia distorcida a obra, por sua vez assinada por Marcel Duchamp.

Estas imagens falam mais que mil palavras, e deixam claro o objetivo de Duchamp, que é fazer uma sátira, colocando em dúvida a sexualidade de Mona Lisa.

Na literatura temos um vasto repertório de paródias, porém, a mais satirizada por críticos literários e escritores é a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. Abaixo, a canção original, e um dos muitos exemplos de sátiras baseadas nessa obra e seus autores:


por Gonçalves Dias

CANÇÃO DO EXÍLIO


Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.


Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.


Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem que ainda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.






por Jô Soares

CANÇÃO DO EXÍLIO ÀS AVESSAS


Minha Dinda tem cascatas
Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem coqueiros
Da ilha de Marajó
As aves, aqui, gorjeiam
não fazem cocoricó.


O meu céu tem mais estrelas
Minha várzea tem mais cores.
Este bosque reduzido
Deve ter custado horrores.
E depois de tanta planta,
Orquídea, fruta e cipó
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.


Minha Dinda tem piscina,
Heliporto e tem jardim
Feito pelas Brasil’s Garden
Não foram pagos por mim.
Em cismar sozinho à noite
Sem gravata e paletó
Olho aquelas cachoeiras
Onde canta o curió.


No meio daquelas plantas
Eu jamais me sinto só.
Não permita Deus que eu tenha
de voltar pra Maceió.
Pois no meu jardim tem lago
Onde canta o curió
E as aves que lá gorjeiam
São tão pobres que dão dó.


Minha Dinda tem primores
de floresta tropical
Tudo ali foi transplantado
Nem parece natural
Olho a jabuticabeira
Dos tempos da minha avó.
não permita Deus que eu tenha
de voltar pra Maceió.


Até os lagos das carpas
São de água mineral.
Da janela do meu quarto
Redescubro o Pantanal
Também adoro as palmeiras
Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.


Finalmente, aqui na Dinda,
Sou tratado a pão-de-ló
Só faltava envolver tudo
Numa nuvem de ouro em pó.
E depois de ser cuidado
Pelo PC com xodó,
não permita Deus que eu tenha
de voltar pra Maceió.


Percebemos aqui a relação entre os textos, porém, dentro dessa intertextualidade há o positividade inicial na obra de Gonçalves Dias e, por outro lado, o negativismo na de Jô Soares. Outras versões de Canção do Exílio assinadas por outros autores poderão ser encontradas clicando aqui.

Outro exemplo de paródia na literatura que não resiti em colocar nessa matéria foi a relação entre O 'Adeus' de Tereza de Castro Alves satirizado por Manuel Bandeira em "Tereza". Achei engraçado o humor ácido, porém inteligente:


O 'Adeus' de Tereza

A primeira vez que eu fitei Tereza,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala...


(Castro Alves)




Tereza


A primeira vez que vi Tereza
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna.


(Manuel Bandeira)

Precisamos comentar? Eu, pelo menos gostaria de ser a Tereza na visão de Castro Alves...


Agora vamos recordar as paródias na propaganda.

Bem conhecidas por nós, as propagandas da Bom Brill são campeãs no que se refere a intertextualidade e paródia.






Dessa vez, deixo a critério dos leitores a interpretação dessa propaganda, mas, se abríssemos uma discussão sobre paródias em propaganda utilizam um tom sarcástico podemos considerar esta com Ronaldo Fenômeno, no mínimo providencial.



Finalmente, como explicado no início, a paródia tem esse objetivo dentro da intertextualidade: distorcer ideias. Porém, como prometi, abaixo há um exemplo de intertextualidade, no qual, dessa vez não há paródia:


Trata-se, agora, de uma homenagem da Bom Brill aos 100 anos da imigração japonesa no Brasil.

Uma intertextualidade inteligente, positiva, bonita, e nem por isso sarcástica.


É isso aí, pessoal, as figuras de linguagem abrem um grande leque para estudos e a paródia faz parte desse leque. Eu, particularmente, amo!


Sem crises...

9 comentários:

  1. Vir aqui é ter a certeza de novidades. Revigoro minhas ideias. Continue assim. Parabéns pelo nosso dia amanhã.

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  2. Oi!!

    Fico feliz que esteja gostando! Obrigada pela visita e pela participação!

    Môny

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  3. figuras de linguagens (e registro culto) são importantes para a riqueza do texto que está voltando à evidência graças à internet :O) um dia ainda fixo a gramática da língua portuguesa para me sentir seguro com a escrita :O)

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  4. Que dedicação a sua.
    Conseguiu desenhar a aula da professora Paula.
    Adorei!
    Confesso que entendi melhor agora o que é intertextualidade do que na aula. ;)
    Com imagens ficou muito mais fácil.
    Parabéns!

    Josie

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  5. Oi, Josie!!

    Meu objetivo realmente era esse: facilitar! Que bom que foi alcançado!!

    Obrigada pela visita de sempre!

    Môny

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  6. Oi, Cristian!!

    Concordo com você de as figuras serem importantes no que diz respeito ao estudo da linguagem, porém, deve-se tomar cuidado com o uso de algumas delas quando utilizada a norma culta, por exemplo o uso dos clichês entre outras figuras.

    Obrigada pelo comentário e pela sugestão de matéria!

    =)

    Môny

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  7. Mônica,

    Como assíduo frequentador do blog terei que cometer uma indelicadeza desta vez.

    Desculpe, mas quando li sobre paródia não consegui tirar da mente um símbolo da cultura pop que é a revista "Mad".

    Nunca fui leitor da revista (nem quando adolescente) e muito menos pretendia mencioná-la em um blog de tão alto nível, mas não resisti diante do tema, até porque a revista é quase que inteiramente baseada em paródias.

    E, por mais que doa reconhecer, ela o faz com perfeição.

    Parabéns! Mal posso esperar pelo próximo post.

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  8. Oi, André!

    Fiquei curiosa e encontrei o site da revista! Dei uma passada rápida e deu pra notar que trata de paródias! Como no caso da foto com Ronaldo, idependentemente da minha opinião a respeito do tema também acho essa jogada muito inteligente, tanto é que passam anos, mas ficam gravadas em nossa mente.

    Sem problemas em citar a revista!

    Pra quem também ficou curioso, segue o link da revista MAD:

    http://mad.blogtv.uol.com.br/

    Obrigada!


    Môny

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  9. Desculpe minha ignorância... mas figuras de linguagem não tem nada a ver com paródia... eu aprendi que figuras de linguagem são metáforas, metonímia, catacrese... e paródia é intertextualidade. Se estiver errada corrija-me.
    abs
    Leiny

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