
Olá leitores e amigos seguidores! Obrigada pelos e-mails e comentários! =)
Apesar de ser loura desde os 12 anos, simplesmente amo piadas de louras. As considero criativas e passam a ideia de que algumas mulheres se preocupam tanto com vaidades e futilidades do que com seu lado intelectual, independente da cor de seus cabelos.
Mas de onde veio essa mania de "loura burra"? Ah, essa é fácil! Surgiu com o sucesso de Gabriel, o Pensador, que escreveu a música "Loura Burra" nos anos 90, cujo refrão acabou virando clichê.
Hoje abordaremos o tema "clichês", que embora seja muito usual na nossa língua, pode empobrecer uma redação ou um discurso.
O que são clichês?
Clichês, lugares-comuns, junção de substantivos e adjetivos são um vício de linguagem. São expressões prontas que mostram um forte indício de preguiça mental. Não, não estou dizendo que o Pensador sofra desse mal. Ao contrário, se tem uma coisa que sobra no cantor e compositor é agilidade de raciocínios.
O ponto é que alguém, num determinado momento, utiliza um termo que, na ocasião, gera ao leitor ou ouvinte um agradável susto-de-novidade, e isso é muito positivo. Porém, depois de algum tempo de milhões de repetições o termo acaba virando clichê ("susto-de-novidade"não pode ser encontrado em nenhum dicionário, mas pode virar um clichê se repetido por muitas pessoas por muitas vezes).
Existe até uma anedota sobre o sujeito que foi ver Hamlet pela primeira vez e queixou-se que a peça estava cheia de clichês:
"Ser ou não ser, eis a questão"
"O resto é silêncio"
"corpo escultural"
"posição privilegiada"
"profissional de mão cheia" (experiente)
"sem dó nem piedade"
"levar ao pé da letra"
"tem espírito de porco"
"tem espírito de porco"
"meteu os pés pelas mãos"
"colocar o carro na frente dos bois"
"contar com o ovo dentro da galinha"
"mistura explosiva"
"sonora vaia"
"porões da ditadura"
"abrir com chave de ouro"
"começou com o pé diteito"
"luz no fim do túnel"
"no fundo do poço"
"começar do zero"
"pergunta que não quer calar"
"quatro cantos do mundo"
"ente quatro paredes"
"de mão beijada"
"dúvida cruel"
"figura angelical" (ah, gente, esse é obrigatório evitar!)
...e por aí vai.
Utilizamos o clichê como um atalho, quando estamos com preguiça de pensar ou quando queremos que nosso ouvinte entenda logo o ponto principal. Assim tornamos a linguagem mais rápida e mais coletiva, mas ao mesmo tempo a torna menos criativa e menos pessoal.
Uma dica é: Policie seu uso. O melhor exercício é ler coisas escritas pelos outros e anotar numa folha todos os clichês encontrados. Depois, tentar criar formas alternativas de passar a mesma informação.
Exemplos:
Clichê:
"Ela tem espírito de porco."
Podemos dizer:
"Ela não tem personalidade."
Clichê:
"Ele meteu os pés pelas mãos."
Podemos dizer:
"Se precipitou em tomar a atitude, o que lhe causou mais problemas."
É isso aí, leitores!
Vamos evitar os clichês e fugir deles como "o Diabo foge da Cruz" (olha o clichê)!
Sem crises...
Matéria baseada no artigo "As marcas do clichê" de Braulio Tavares - Revista Língua Portuguesa - Nov-2009.